Representatividade Gay em Animações
Devido a importância que o assunto traz, muito se foi pensado no que seria registrado aqui, refletimos: como é ter a sexualidade gay representada em uma série ou filme de animação?
A resposta para esse questionamento é longa, por isso, vamos tentar resumir.
Sim, de fato, é maravilhoso se ver representado em uma animação e, nós, do Animaletras, reconhecemos que é infinitamente importante. Segundo a Revista Over, pesquisadores da sétima arte apontam que, por meio da animação, os espectadores podem ser capazes de se sentirem influenciados de forma positiva a respeito da concepção do mundo ao seu redor e, além disso, ela pode permitir no auxílio de um senso crítico mais aberto, ao passo que se entende melhor as demais referências nas animações. Portanto, é inegável a contribuição que uma animação pode causar a alguém e o papel que ela desempenha na representatividade de minorias.
No entanto, não podemos ignorar alguns fatos para escrever sobre a representatividade gay, como: somos brasileiros e o Brasil é o país que mais mata LGBTQIA+ no mundo inteiro, como lamentavelmente é apontado na matéria da revista CUT. Ter noção dessa realidade é um tanto assustador, mas o que nos distrai desse pesadelo, que é sair na rua com medo de morrer por ser diferente — do ponto de vista de um cis-heteronormativo — , é justamente assistir uma série ou filme de animação.
Isso porque a animação nos permite transportar para uma outra dimensão onde tudo pode ser possível, uma vez que nela o mundo é fantástico, os problemas são solucionáveis e a justiça é real. Talvez por essa razão, às vezes, tudo o que queríamos era que a vida real fosse como nos desenhos animados.
Acontece que, durante muito tempo, não vimos nenhum personagem assumidamente gay nas animações. O que existia era um ou outro personagem de fundo — pouco relevante para a trama — , ou que era fortemente estereotipado e, de vez em quando, despertava atenções, e quando despertava, sempre havia comentários ruins e homofóbicos, vide Shun de Andrômeda, d’os Cavaleiros do Zodíaco (Toei Animation), que chegou ao Brasil em 1994.
Com o passar do tempo, a sexualidade começou a ser cultivada nas animações, não de forma forçada e nem exagerada. A presença do personagem gay foi, de certa forma, naturalizada.
Para ilustrar isso, temos em She-Ra e as Princesas do Poder (Netflix, DreamWorks), os pais do Arqueiro (Bow), George e Lance, que criaram uma dezena de filhos e são apaixonados um pelo outro. Já no universo de Beach City, temos em Steven Universe (Cartoon Network), o Sr. Smiley, dono do parque de diversões, que teve um episódio inteiro sobre o seu passado com o seu ex-companheiro, o Sr. Frowney. Ao lado desses exemplos, temos muitos outros personagens que nos representam de forma singela e respeitosa.
Mas ainda assim, muitas repressões aconteceram para que se chegasse a uma representatividade considerável nas animações. Não vamos esquecer do alvoroço que foi quando em Star vs as Forças do Mal (Disney), dois homens bigodudos se beijaram em uma fração de segundos, o que foi suficiente para levar as “personalidades religiosas” brasileiras a pedir o “boicote” à renomada Disney.
Após diversos ataques e uma constante invisibilidade, a comunidade LGBTQIA+, por fim, pede respeito. Queremos fazer entender, de uma vez por todas, que ser gay, ou qualquer outra letra dessa grande sigla, é algo natural e merece estar incluído, não só nas animações, mas em todos os espaços possíveis.
Veja aqui os links usados para escrever este texto:
Revista Over: http://revistaover.com.br/noticia/a-importancia-da-representatividade-lgbtqiap-nas-animacoes-
Revista CUT — SP: https://sp.cut.org.br/noticias/brasil-segue-no-topo-dos-paises-onde-mais-se-mata-lgbts-4d85
Revista Exame: https://exame.com/brasil/malafaia-propoe-boicote-a-disney-por-beijo-gay-em-desenho