Catra e Adora em She-Ra e as Princesas do Poder

Representatividade Lésbica em Animações

Animaletras
2 min readJul 6, 2021

Eu acho muito legal personagens que gostam de mulheres sendo inseridas de maneira natural e isso com certeza ajuda a naturalizar. Comecei a ver a nova animação da She-Ra e as Princesas do Poder (Netflix e DreamWorks) há mais ou menos um mês, e terminei ontem a primeira temporada, depois de ver uns 6 episódios seguidos com minhas primas mais novas (14 e 10 anos). Alguns episódios minha mãe viu conosco, inclusive aquele em que a Catra/Felina e a Adora dançam (porque a Catra está distraindo ela e provocando) e elas ficaram a centímetros de distância.

Ver isso, pra mim, como mulher lésbica, foi incrível demais! Porque nem mesmo em séries e filmes há tantas cenas em que tem uma tensão tão clara entre as personagens. Ao mesmo tempo fiquei um pouco apreensiva de ter que ouvir algum comentário homofóbico das minhas primas (por serem bem novas) ou da minha mãe. Minha prima de 10 anos já viu o desenho todo e nem disse nada, minha prima de 14 também não, apenas continuou assistindo.

Já minha mãe, vendo a Catra, perguntou “isso é homem ou mulher?” e mesmo que tenha sido com um tom neutro, eu sei que foi devido ao espanto de ver um clima rolando entre duas mulheres em um desenho. Eu disse que era uma mulher, uma gata, ou tigresa, não sabia ao certo. E foi isso. Ela não fez nenhum comentário, só continuou assistindo o desenho.

Apesar de ter sido uma situação que gerou um certo desconforto, porque eu fiquei com esse temor de ter que ouvir algum comentário homofóbico — lesbofóbico, para ser mais exata — , foi uma situação que depois me deixou feliz, porque percebi que para minhas primas, para a nova geração, já está naturalizado e isso é muito bom. Porque mesmo eu não sabendo ainda a sexualidade da Catra e da Adora, tenho certeza que para várias meninas, ver essa representação vai abrir a mente de que essa é uma possibilidade.

Tudo bem, sabe, se você começar a gostar de uma coleguinha ou algo desse tipo. A nova geração não vai mais ficar tão confusa e achando que ‘ah não, só gosto dela assim porque ela é muito minha amiga, muito próxima’, ela vai pensar ‘ah, não, talvez eu esteja sentindo por ela igual a Adora sente pela Catra’.

Não sei nem se elas são um bom exemplo, porque ainda não sei se elas ficam juntas no final, mas o que eu quero dizer é que a representatividade ajuda a naturalizar e diminuir a heteronormatividade compulsória que é imposta em nossa mente e nos causa tantos problemas de aceitação, descoberta de sexualidade e traumas.

Texto produzido por Ana Carolina Spalla e adapatado pelo Animaletras para o mês do orgulho LGBTQIA+

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Written by Animaletras

Um grupo de pesquisa sobre animação feito por alunos de Letras da UERJ e colaboradores

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