Resenha: Wendell & Wild (2022)
O filme da Netflix Wendell & Wild é uma comédia de terror, muito embora chamar esse drama de comédia me pareça um exagero, a obra traz temas absurdamente sensíveis e delicados como a morte, o luto, a ganância e a indiferença dos seres humanos. E onde todos esses sentimentos estão, há também a presença de demônios.
O filme conta a história de Katherine, apelidada de Kat, que desde muito criancinha teve que lidar com a morte de seus pais, a perda, a mudança e a transformação. A vida e as consequências de suas escolhas a levaram a ser uma menina dura, orgulhosa, punk-rock e valente. Porém, ela descobre que possui dois demônios, todo mundo tem demônios a enfrentar, e decide negociar com eles o retorno de seus pais.
Kat vai estudar numa escola católica, onde acaba fazendo “amizade” com Siobhan Klaxon, filha dos empresários do ramo de prisões e penitenciárias, atuais donos da cidade, e seu grupinho de amigas. Porém, Kat acaba se aproximando mais de Raúl Cocolotl, um menino tímido, no entanto, corajoso, que estuda na escola onde, aparentemente, só tem meninas. Há, também, uma freira, Irmã Helley que diz entender e ser como Kat, é ela quem vai ajudá-la a enfrentar seus demônios interiores.
A animação é tocante, profunda, mas excessivamente prolixa no desenrolar dos acontecimentos, a ordem deles, inclusive, deixa o enredo pouco confuso e distrai o telespectador da mensagem principal, que pode ser traduzida nas seguintes questões: O que impede os seres humanos de amar? Se até os demônios conseguem amar, a seu modo, por que o modo dos humanos ainda parece muito pior? Essa reflexão é subjetiva, claro, mas ela, de alguma forma, está presente no filme, principalmente quando falamos de amor entre os pais e os filhos.
Por ter sido baseado em um livro de mesmo nome do autor Clay McLeod Chapman, acredita-se que o filme não terá continuação, ele é bem completo. Ele teve o roteiro escrito por Henry Selick, já famoso animador stop-motion por The Nightmare Before Christmas e Coraline, e por Jordan Peele, famoso produtor de filmes de terror da atualidade como Get Out e Nope, e, premiado pelo Oscar. Eles começaram lá em 2015, mas, devido a circunstâncias gerais, ele só pode ser terminado em 2022, sua produção aconteceu remotamente durante a pandemia de Covid-19.
Como dito anteriormente, o filme é tocante, e Kat é uma personagem carismática, é importante que se tenham mais personagens como ela, não se tem muitos personagens negros em animações stop-motion, então, com certeza, Kat entrará para nossa lista de melhores cabelos em animação. Aliás, o filme já concorre a Melhor Animação no Critic’s Choice Awards. E nossa avaliação para ele será de 4/5 pipoquinhas.